quarta-feira, 17 de abril de 2013

O GROTESCO DA SECA



A seca é uma grande bocaQue devora as esperanças do mundo.
A seca é um ventre disforme
Que deglute, em suas insaciáveis entranhas,
Homens despedaçados...


Com sua desmesurada fome,
Alimenta-se da força, do trabalho e dos sonhos.
E deixa o mundo um prato vazio...
E deixa os lagos, bacias rasas de findas águas,
Os rios, ressequidas veias de sugado sangue,
Os sobreviventes, multidão cambaleante
De sedentos Pantagruéis...


De suas entranhas férvidas,
A Terra, quando em "regras" de seca,
Sua todo o salgado do mar
Aliviando-se de seus noturnos e caudalosos calores.


Os sobreviventes, gargantas agigantadas,
Rostos boquiabertos;
Definham e deslizam, à espera
de lágrimas fecundas
Derribadas de um céu, virilmente semeador.
                                                                                                  
                                                   Patrícia Germano


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