quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

As àguas vão rolar...

      Vivemos hoje num luto... um luto silencioso, amargo e doloroso denominado de seca. O nosso carnaval, sempre muito alegre e aguardado, perdeu espaço para um ambiente mórbido e calejado, quase inóspito. As imagens folclóricas do nosso Boi, sempre muito divertido e festejado, foram substituídas pela figura do gado esquelético, a morrer pela caatinga, a mendigar junto com seu dono um pouco de água enlamaçada.  Os confetes e as serpentinas deram lugar ao chão rachado e sem vida... A marcha agora é silenciosa e desesperadora, pois não há sorrisos, não há música, não há festa, só o olhar indefeso e desalentado de homens, mulheres, crianças a suplicar um pouco de água, que durante tantos carnavais foi sinônimo de diversão nas ruas, nas calçadas, nos carros-pipa e que agora representa uma esperança confusa e limitada. Mas somos um povo confiante, vivemos no país de muitas crenças, de muitas súplicas e orações, o mesmo luto que nos arranca lágrimas, nos torna ainda mais fortes a enxergar o amanhã, a buscarmos nossos direitos como cidadãos de uma terra de estiagens prolongadas e carente de recursos, e que nossos governantes também são co-autores dessa narrativa infeliz e injusta. "Allah-La Ô,ÔÔÔÔÔÔ, ai que calor..."seria talvez essa uma marchinha apropriada para o nosso carnaval, a festa da identidade do povo brasileiro, pois o nosso sorriso estaria estampado com uma expresão também de denúncia e revolta, sem perder o nosso carisma, pois é o momemto de nos divertir, de irmos às ruas, de nos juntarmos aos amigos, de nos distrair com a família... "Ai, ai, ai, ai, está chegando a hora!!!!  É carnaval, a festa de um povo que canta, que dança, que reza, que não perde as esperanças de que "As águas vão rolar..."
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