É praticamente impossível se debruçar sobre um
tema desse porte em poucas linhas. O desejo de se atar sobre o assunto
extrapola o essencial e torna-se necessário para o conhecimento humano,
principalmente quando se busca o saber.
Os conflitos existenciais sobre a
aplicação da norma positivada, tem sido o pilar das discussões no meio
jurídico. A incerteza da aplicação de leis a determinados casos norteiam o
mundo contemporâneo. Saber o que é licito e o que não é no mundo cibernético, tem
sido o tormento de estudiosos e pesquisadores da correta aplicação da melhor
norma.
Sabemos
que as normas são essenciais, sejam elas morais, jurídicas ou religiosas. Paulo Nader (2007, p.31) afirma que “o mundo
primitivo não distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais. O
Direito absorvia questões afetas ao plano da consciência, própria da moral e da
religião, e assuntos não pertinentes à disciplina e equilíbrio da sociedade,
identificados hoje por usos sociais.”
A
abordagem refletida no texto de John Perry Balrow, sobe a independência do
ciberespaço, nos reporta a necessidade de ocupação do homem dentro de uma
construção do seu próprio espaço de relacionamento, sempre com a modernidade. O
imaginário de uma regra que possibilite ordenar o que no entendimento do autor,
já se encontra ordenado, mesmo parecendo fora de ordem, nos convidando a
refletir o que seja desordem do ponto de vista do CIBERESPAÇO.
Inicialmente,
qual a imagem que teremos de CIBERESPAÇO? Nessa linha de pensamento, passaremos
a questionar ou não, a possibilidade de intervenção no meio cibernético. Essa
consciência passa necessariamente pela evolução do processo de socialização da
humanidade, desde a descoberta do fogo, da criação da escrita inteiramente
ordenada até a construção dos mapas na Idade Média que possibilitaram as
Grandes Navegações e Descobertas de um mundo novo.
Esses
momentos que levaram ao desenvolvimento da humanidade iniciaram dentro das
modificações estruturais provenientes das necessidades humanas um melhor
relacionamento entre si. Não obstante imaginarmos a necessidade de
disciplinamento que foram construídas ao longo da história da modernidade, ou
pós-modernidade fizera-se necessário o uso da coerção como forma de adequação
para regular a ocupação do espaço.
O
aparecimento desses recursos construíra alternativas de relacionamentos entre
os homens. A aglomeração de casa, ruas, bairros, nos espaços que constituem as
cidades, os grandes centros, principalmente após o advento da Revolução
Industrial, evidenciou a necessidade de novos mecanismos que superassem a idéia
do que Lefebvre chama de”... superação
do fechado e do aberto, do imediato e do mediato, da ordem próxima e da ordem
distante, em uma realidade diferencial
na qual estes termos não se separam mais, mas mudam em diferenças
imanentes” .( LEFEBVRE, 1970, P.57). A referência ao GPS, do celular, da
internet, na atualidade, bem que explica a necessidade do uso no mundo
cibernético, para alguns, afrontando a moral e os bons costumes das tradicionais
famílias do inicio do século XX, quebrando a privacidade do individuo. Para
outros a necessidade de sobrevivência de uma humanidade presente e futura.
Não
seria necessariamente criarmos a civilização da Mente no espaço cibernético,
como afirma Barlow, nem muito menos admitirmos que signos estão sendo quebrados
em detrimentos de outros. Nem se trata da substituição da vida real por uma
virtual, mas sim, como afirma Lévy “...encorajar dinâmicas de reconstrução do
laço social, desburocratizar as administrações, otimizar em tempo real as
fontes e os equipamentos da cidade, experimentar novas práticas democráticas” .
(LÉVY, 1997, P.244)
Acredito
nas possibilidades que o mundo virtual tem proporcionado a humanidade e são sem
dúvidas relevantes. Policiá-las se faz necessária, assim como todos os
mecanismos que ao longo da história da humanidade construíram melhoras para um
mundo mais “ágil e eficaz” sendo elas protagonistas das suas épocas,
necessitaram de normas de boas convivências, o CIBERESPAÇO, precisa sim, ser
normatizadas. Não se sabe como e nem quando isso poderá acontecer, pois o mundo
virtualizado é um mundo sem leis, um buraco negro sem fim.
Buscar
instrumentos normativos que possibilitem realizar o acompanhamento dentro do
CIBERESPAÇO das rápidas transformações dos mecanismos utilizados com esses
fins, é o grande desafio dos tempos atuais. As escolas precisam assim como
todas as camadas da sociedade, necessitam criar suas tribos de convivências
dentro desse mundo composto de códigos e barras digitais, que não conseguimos
enxergar, mas que ele existe de fato.
Os
crimes acontecem, sabe-se de onde partiu, identifica-se o equipamento
eletrônico como instrumento da prática delituosa, mas não se pode punir, pois
as normas são incapazes de atingir os culpados, e se são realmente culpados ou
vítimas.
Por
Tiago Daniel
Novembro de 2013.
0 comentários