quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

NEM SEMPRE É O FIM.





As vezes imaginamos que tudo um dia há de se acabar e que apenas nos restará a saudade. Em parte essa afirmativa é verdadeira, mas se colocarmos do ponto de vista existencial, nada se perde, até mesmo aquilo que não mais conseguiremos ver em sua forma física. Tudo passa enquanto matéria, mas permanecerá sempre a imagem do que conseguirmos manter gravado no inconsciente, no ID da nossa massa cefálica.
E para que nossa mente possa transpor todos os sonhos já vividos, é preciso uma forcinha da natureza para tornar esses sonhos mais reais.
Tem sido assim a todos os que visitam as ruínas da antiga vila de Pedro Velho, que as águas da barragem de Acauã submergiu, colocando um ponto final em histórias de vidas humanas, matando um passado em nome do desenvolvimento que se espera a nove longos e intermináveis anos.
A seca fez emergir sonhos ali depositados e que vez por outras encontramos representadas no restos materiais do calçamento da rua principal, bem próximo ao mercado público que fora palco de muitas festas ao som das bandas que ali passaram. Da praça central, próximo a casa de seu Durval, do Bar da professora Lourdinha, do som do alto falante do Parque São José, que abrilhantava as tradicionais festa de São Sebastião, ou até mesmo do barulhento e movimento dia 07 de setembro, onde o vasco organizava um torneiro de futebol, lá pras bandas do Cafundó.
Que saudades nos dá, do balançar da cadeira de balanço de seu Ercia e sua esposa em frente de sua casa, que ficava do outro lado da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, bem próximo a casa da família do vereador Irã.
Tudo permanece ali, parece que intocável em nossas imaginações, cada tijolo, cada tela, cada pedra do calçamento, tudo está ali.
Daqui a pouco, tudo voltará ao normal quando as águas do rio paraíba inundarem novamente aquilo que um dia foi história de vidas de um povo que não pediu para ser parte de um desenvolvimento que não desenvolveu. Ficarão novamente depositadas na ruínas de Pedro Velho a esperança de que daqui a outros nove longos anos os primeiros sinais desse famigerado desenvolvimento possa ter chegado ao ceio de uma comunidade que teve sua história apagada em benefício de um projeto que levará água as mais distantes cidades da Paraíba e tem deixado com sede quem teve sua história sufocada pelas próprias águas.
Blog Aroeiras Hoje.
Tiago Daniel.  

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